quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A fuga da aliança antes dos 30

É a vontade de aproveitar um pouco mais a solteirice; a preocupação de evitar gastos com um novo lar; o fato de que a fertilidade, para os homens, se estende por um período maior na vida; as pressões familiares e culturais sobre as mulheres. Ou tudo junto.

O fato é que o Censo de 2010, que teve resultados detalhados divulgados na última quarta-feira pelo IBGE, confirma um perfil social que origina um vasto repertório de piadas e um tipo folclórico: o do homem solteiro que foge da aliança como diabo da cruz, e “enrola” a namorada enquanto pode.

Num país em que mais da metade (55,3%) da população é solteira, é na faixa dos jovens adultos, entre os 20 e 29 anos, que está a maior disparidade entre os gêneros: 53,6% dos homens nunca se casaram, percentual que cai para 38,5% no caso das mulheres da mesma faixa etária.

"É perceptível, as mulheres são mais carentes de relacionamento. Principalmente quando vão chegando perto dos 30. Acho que elas têm mais pressa, procuram mais estabilidade. Até pretendo me casar, mas antes dos 35, estou fora. Se é que dá para planejar isso", brinca o geógrafo Thiago Chagas, de 28 anos, acrescentando o fator econômico. "Ainda moro com meus pais. Quando dava aulas, dizia aos alunos: até o fim da faculdade, cada um terá custado aos pais mais de R$ 1 milhão, por baixo".

A frieza da análise dos números acrescenta outras explicações. "De forma geral, culturalmente, para as mulheres ter marido é visto como um capital, enquanto isso não ocorre com os homens. Além disso, demograficamente, os homens têm mais escolha no mercado matrimonial. Nascem mais homens, mas eles morrem oito anos antes, em média. Somado a isso, culturalmente os homens tendem a casar com mulheres mais jovens. O homem dos 20 aos 29 não está com a mulher dessa faixa; quem está com a mulher de 20 a 29 são os das faixas acima, de 30, 40 anos. Com o tempo, isso continua e piora para a mulher; o homem de 60 está com a mulher de 45, não com a de 60 como ele", avalia a antropóloga Mirian Goldenberg, da UFRJ.

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