Um estudo divulgado a poucos dias do início das Olimpíadas diz que a
falta de exercícios tem causado tantas mortes quanto o tabagismo.
A
pesquisa, publicada na revista médica Lancet, estima que um terço dos
adultos não têm praticado atividades físicas suficientes, o que tem
causado 5,3 milhões de mortes por ano em todo o mundo.
A
inatividade física é responsável por uma em cada dez mortes por doenças
como problemas cardíacos, diabetes e câncer de mama e do cólon, diz o
estudo.
Os pesquisadores dizem que o problema é tão grave que deve ser tratado como uma pandemia.
Eles
afirmam que a solução para o sedentarismo está em uma mudança
generalizada de mentalidade, e sugerem a criação de campanhas para
alertar o público dos riscos da inatividade, em vez de lembrá-lo somente
dos benefícios da prática de esportes.
Segundo a equipe de 33
pesquisadores vindos de centros de vários países diferentes, os governos
deveriam desenvolver formas de tornar a atividade física mais
conveniente, acessível e segura.
Um dos coordenadores da pesquisa
é Pedro Hallal da Universidade Federal de Pelotas. "Com as Olimpíadas
2012, esporte e atividade física vão atrair uma tremenda atenção
mundial, mas apesar do mundo assistir a competição de atletas de elite
de muitos países, a maioria dos espectadores será de sedentários," diz
ele.
"O desafio global é claro: tornar a prática de atividades
físicas como uma prioridade em todo o mundo para aumentar o nível de
saúde e reduzir o risco de doenças".
No entanto, a comparação com o cigarro é contestada por alguns especialistas.
Se
o tabagismo e a inatividade matam o mesmo número de pessoas, o número
de fumantes é bem menor do que o de sedentários, tornando o tabaco muito
mais perigoso.
Para Claire Knight, do Instituto de Pesquisa de
Câncer da Grã-Bretanha, "quando se trata de prevenção de câncer, parar
de fumar é de longe a coisa mais importante que você pode fazer".
América Latina
Na
América Latina e no Caribe, o estudo mostra que o estilo de vida
sedentário é responsável por 11,4% de todas as mortes por doenças como
problemas cardíacos, diabetes e câncer de mama e do cólon. No Brasil,
esse número sobe para 13,2%.
Os países com as populações mais
sedentárias da região são Argentina, Brasil e República Dominicana. O
com a população menos sedentária é a Guatemala.
A inatividade
física na América Latina seria a causa de 7,1% dos casos de doenças
cardíacas, 8,7% dos casos de diabetes tipo 2, 12,5% dos casos de câncer
de mama e 12,6% dos casos de câncer de cólon.
No Brasil, ela é a
causa de 8,2% dos casos de doenças cardíacas, 10,1% dos casos de
diabetes tipo 2, 13,4% dos casos de câncer de mama e 14,6% dos casos de
câncer de cólon.
A doutora I-Min Lee, do Hospital Brigham e da
Escola Médica da Universidade de Harvard, que dirigiu o estudo,
assinalou que todos esses casos poderiam ter sido prevenidos se a
população de cada país e cada região fosse mais fisicamente ativa.
Ela
diz que na região das Américas poderiam ser evitadas cerca de 60 mil
mortes por doenças coronárias e 14 mil mortes por câncer de cólon.
Desafio global
É recomendado que adultos façam 150 minutos de exercícios moderados, como caminhadas, ciclismo e jardinagem, toda a semana.
O
estudo indica que as pessoas que vivem em países com alta renda per
capita são as menos ativas. Entre os piores casos está a Grã-Bretanha,
onde dois terços da população não se exercitam regularmente.
A
presidente da Faculty of Public Health, órgão que formula políticas e
normas de saúde pública da Grã-Bretanha, professora Lindsey Davies, diz
que "precisamos fazer o possível para que as pessoas cuidem da sua saúde
e façam atividade física como parte da vida cotidiana".
"O
ambiente em que vivemos tem um papel importante. Por exemplo, pessoas
que se sintam inseguras no parque mais próximo vão evitar de usá-lo."
Certa
vez, acho que num rinque de patinação, quebrei a minha perna, mas não
lembro dos detalhes. As pessoas apontavam para mim porque as minhas
calças estavam cobertas de sangue da área em que o osso saiu. Depois
disso, fui proibido de patinar até que fosse bem mais velho.
Com
cinco ou seis anos, funcionários do serviço de proteção ao menor me
levaram da minha casa, porque alguém denunciou meus pais por agressão.
Fiquei sob os cuidados do Estado por cerca de dois meses.
E,
quando voltei a quebrar a perna, eles finalmente perceberam que meus
pais e meu pediatra estavam falando a verdade sobre a minha condição de
saúde.
'Vai sentir dor quando eu acabar com você'
Na
escola, muitas crianças me perguntavam sobre o que eu tinha. "Por que
você está usando gesso?", eles questionavam. A maior parte do tempo eu
estava engessado, até completar 11 ou 12 anos.
E frequentemente
me envolvia em brigas. Sempre que um menino novo entrava na escola, as
crianças tentavam convencê-lo a brigar comigo, como uma espécie de
introdução à escola. E me diziam: "Se você não sente dor, vai sentir
quando eu acabar com você".
Hoje, não me considero uma pessoa
particularmente imprudente. Acho até que sou mais atento do que a
maioria, porque sei que, se eu me machucar, não saberei a gravidade do
machucado.
Lesões internas são as que mais me amedrontam,
especialmente apendicite. Em geral, se tenho qualquer problema estomacal
ou febre, vou direto para o hospital só por precaução.
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