Os pais de Sérgio Rosa Sales, morto a tiros na semana passada, voltaram a
negar que o filho tenha recebido ameaças, segundo o advogado do goleiro
Bruno, Francisco Simim. Eles e avó do atleta, que também criou Sérgio,
Estela de Souza, compareceram no fim da manhã desta quinta-feira à
Corregedoria da Polícia Civil, que investiga o assassinato do rapaz.
Conforme Simim, a avó de Bruno contou à polícia como era a vida de
Sérgio. Ela não quis falar com a imprensa. Os pais dele ainda estão
sendo ouvidos no início desta tarde.
A Corregedoria assumiu a
investigação do crime na segunda-feira. Em novembro de 2010, Sérgio
afirmou à Justiça que seu depoimento na polícia foi influenciado por
agressões físicas que teria sofrido dos delegados e investigadores da
Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).
Assim, na
sexta-feira, o Ministério Público recomendou que outra unidade apurasse o
assassinato do primo de Bruno. Também será investigada a suspeita de
envolvimento do policial civil aposentado José Lauriano de Assis Filho, o
Zezé, que apresentou Bruno e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão,
ao ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Responsável pelo
inquérito, o delegado Edson Moreira, então chefe do Departamento de
Investigações, diz ter certeza da participação dele na morte da Eliza,
embora não tenha conseguido provar. Outros policiais também podem depôr.
O
delegado Frederico Abelha conversou com familiares de Sérgio na semana
passada. Conforme ele informou à assessoria de imprensa da Polícia
Civil, uma mensagem com uma ameaça recebida pelo jovem no celular há
aproximadamente dois meses será investigada, mas o delegado negou que
Sérgio tenha recebido outras ameaças, embora o advogado Marco Antônio
Siqueira, que defendia o rapaz, tenha dito que soube na semana passada,
através de amigos de Sérgio, que ele pediu pra que não contassem para a
mãe, o pai e o advogado sobre ameaças que ele vinha recebendo nos
últimos tempos para não aborrecê-los.
Entenda o caso
Em
liberdade há 378 dias, Sérgio, 24 anos, conhecido como Camelo, foi
assassinado pela manhã, a poucos metros de casa, no Bairro Minaslândia,
Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, quando saía para o primeiro dia
de trabalho em um serviço de pintura. Testemunhas viram um homem em uma
moto vermelha, de capacete rosa, perseguindo o rapaz pelas ruas, com um
revólver 38 na mão. Baleado nas costas, Sérgio ainda conseguiu correr
por três quarteirões, gritou por socorro e tentou se refugiar no quintal
da casa de amigos. Encurralado, foi atingido outras vezes: braço,
peito, barriga, mão e rosto. Morreu na hora.
Durante as
investigações, a polícia descartou a hipótese de que Sérgio teria se
envolvido em uma briga durante uma partida de futebol, o que teria
motivado uma vingança. A polícia também vai investigar se um grupo preso
com drogas e armas na tarde desta sexta-feira no Bairro Minaslândia tem
participação na morte de Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro Bruno
Fernandes. A suspeita foi levantada por uma denúncia anônima recebida
pela Polícia Militar logo após as prisões.
Outras linhas de
investigação seguidas pela polícia são a de queima de arquivo devido ao
processo do desaparecimento e morte da ex-amante do goleiro Eliza
Samudio, a que Sérgio respondia na Justiça com outros sete acusados e
envolvimento com o tráfico de drogas. A polícia já teria recebido 20
versões diferentes a respeito do assassinato.
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