domingo, 12 de agosto de 2012

Rio de Janeiro assume título de cidade olímpica e enorme desafio para 2016

O Rio de Janeiro, conhecida internacionalmente por suas belezas naturais, mas também por seu caos no trânsito, serviços públicos ineficazes e níveis de violência que ainda preocupam, assume oficialmente neste domingo o título de cidade olímpica e a difícil tarefa de organizar os Jogos de 2016.

As autoridades do Comitê Olímpico Brasileiro e da cidade do Rio asseguram que todas as obras estão encaminhadas, mas ainda falta construir praticamente toda a Vila Olímpica, o Parque Olímpico e várias outras instalações.

E ainda não se sabe em quanto aumentará a fatura do maior evento esportivo mundial, que pela primeira vez na história será realizado em uma cidade da América do Sul, com a participação de mais de 10.500 atletas, competindo em cerca de 300 provas de 28 esportes olímpicos.

Parte das obras necessárias para os Jogos devem estar prontas para a Copa das Confederações e para a Copa do Mundo, que o Brasil sediará em 2013 e 2014, mas o caminho a percorrer até julho de 2016 ainda é longo.

"Agora é que realmente vamos começar a sentir a complexidade de organizar um evento como os Jogos Olímpicos. Nos últimos três anos, pouco nos preocupamos em começar a construir a cidade olímpica (...) e em criar a infraestrutura necessária", declarou à AFP Erich Beting, criador da "Máquina do esporte", um site especializado em negócios esportivos.

"Isso pode ser perigosíssimo para Rio", advertiu.

Transporte e alojamento, principais desafios

O diretor geral do Comitê Organizador dos JO-2016, Leonardo Gryner, admitiu recentemente em Londres que as áreas que mais preocupam são a de transporte e hotelaria.

A cidade espera mais de um milhão de turistas, mas terá apenas 34.000 quartos de hotel para 2016, isso se conseguir alcançar sua meta de criar quase 10.000 novos quartos em quatro anos.

As autoridades já iniciaram as obras para aumentar uma linha do metrô até a Barra da Tijuca (zona oeste), onde ficarão a Vila Olímpica, o Parque Olímpico e onde devem ser realizadas mais da metade das competições. Também planejam criar quatro linhas de BRTs, ônibus que utilizam vias expressas. Apenas uma já está parcialmente em operação.

Os engarrafamentos são uma constante nesta cidade de 6,5 milhões de habitantes e o trajeto de carro da Barra até o centro da cidade pode levar uma hora e meia em um dia normal.

Grande parte dos projetos de mobilidade urbana "estão de modo geral atrasados, e já existe um reconhecimento do governo de que parte dos projetos não vão estar prontos a tempo para a Copa do Mundo de 2014, e muitos deles, nem a tempo para os Jogos Olímpicos de 2016", afirmou à AFP Carlos Campos, economista do Instituto de Investigação Econômica Aplicada (IPEA).

Cerca de 47% das instalações esportivas necessárias para os Jogos já existem, algumas construídas para os Jogos Panamericanos de 2007, indicou Gryner. Cerca de 28% serão novas, e 25% -como as arquibancadas na praia de Copacabana para o vôlei de praia- serão temporárias.

O Rio de Janeiro está cumprindo os prazos previstos para os Jogos "até com certa comodidade, o que nos permite assumir o compromisso de entregar" as obras "com bastante antecedência", tranquilizou recentemente o prefeito Eduardo Paes, que busca a reeleição em outubro.

Mais ainda não se sabe em quanto ficará a conta dos Jogos. "Só vamos começar a divulgar os custos dos Jogos Olímpicos do Rio à medida que tivermos um projeto executivo pronto", afirmou.

No dossiê de candidatura apresentado pela cidade, estavam previstos investimentos de 28 bilhões de reais (14,4 bilhões de dólares), 5,6 bilhões de reais do Comitê Organizador e 23,2 bilhões de recursos públicos e privados.

Considerada no passado uma das cidades mais violentas do continente, a segurança melhorou consideravelmente no Rio desde o lançamento, em 2008, de um plano para retomar o controle de dezenas de favelas, onde o Estado sempre esteve ausente.

Cerca de 150 de um total de 750 favelas dominadas durante décadas pelo tráfico e milícias foram ocupadas por militares e policiais.

Ainda assim, o "Rio de Janeiro é uma cidade violenta comparada com quase qualquer outra, com a Europa, Estados Unidos ou as capitais da região", e se for considerada uma capital, na América do Sul apenas Caracas tem números da violência superiores, disse à AFP Ignacio Cano, pesquisador do Laboratório de Análises da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

A presidente Dilma Rousseff espera que os Jogos deixem para a sexta economia mundial um grande legado.

"Queremos trazer para o Brasil o maior legado possível dos Jogos Olímpicos, tanto no que se refere ao esporte, quanto ao que se refere à melhoria da infraestrutura e às condições de vida da população", afirmou Dilma nos Jogos de Londres.

 www.diariodepernambuco.com.b

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