Um dos principais réus do mensalão, o ex-ministro José Dirceu tem se
reunido semanalmente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os
encontros ocorrem na casa do ex-presidente, em São Bernardo do Campo, ou
no instituto Lula, em São Paulo. Em pauta, o julgamento do escândalo no
Supremo Tribunal Federal (STF), no qual Dirceu é acusado de formação de
quadrilha e corrupção. Lula e seu ex-ministro também discutem a
situação eleitoral deste ano, principalmente nas cidades escolhidas como
prioritárias pelo PT: São Paulo, Recife e Belo Horizonte.
Desde o
início do julgamento, Dirceu tem passado a maior parte do tempo em sua
casa em Vinhedo, no interior do estado, mas retorna semanalmente à
capital. Embora se mantenha recolhido, tem conversado e se encontrado
com gente famosa. No restrito círculo íntimo de Dirceu, o ex-presidente
da Vale Roger Agnelli, o escritor Fernando Morais e o líder do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terrra (MST) João Pedro Stédile.
"Quando
o visitei, há umas três semanas, ele estava esticado em uma poltrona
assistindo ao filme do Tintin. Não é exatamente a imagem de quem esteja
preocupado", contou Fernando Morais.
Dirceu também conversa por
telefone com o cineasta Luiz Carlos Barreto e com o escritor Paulo
Coelho. Seu amigo “desde antes do mensalão”, Barreto passou dois dias na
casa de Dirceu, há pouco mais de uma semana e não identificou sinais de
abatimento.
"Eu o achei muito bem. Está preocupado como qualquer
pessoa estaria em seu lugar. Eu só faço uma pergunta: se valeu a pena
ter participado das lutas que participou. Ele não mostra nenhum
arrependimento desse passado e tem tanta certeza dos atos que não
cometeu que sequer renunciou ao mandato na Câmara", defende Barreto.
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